quinta-feira, julho 29, 2004

IMPLICÂNCIA

Comentário a propósito d’ “O Jogo Das Escondidas,” entrada de sexta-feira, 16 de Julho:
epá .. tudo isto parece dar muito trabalho.. que aconteceu ao ‘ir para os bares tentar embebedar uma gaja?’.
Leitor identificado

Comentário a propósito de “Bendita Genética,” de quinta-feira, 22 de Julho, n’ “A Goela”:
dude .. se só te mexes por gajas .. tens realmente um problema geez
O mesmo gajo

Caro amigo, você anda a fazer de propósito para ser chato e cabeçudo, não anda? Diga lá a verdade: é por ser eu, não é? Confesse que ainda está ressentido por eu lhe ter chamado “nerd dos computadores” no outro dia. Deixe lá isso! Releve, que a vida é curta e não vale a pena chatearmo-nos por tão pouco. E acredite que não o disse com má intenção – até os nerds dos computadores fazem falta no mundo! Nem que seja para fazer outros cromos rir.

Então, vamos lá a isto. O meu amigo precisa de ter mais atenção. N’ “O Jogo Das Escondidas,” eu começo precisamente por ressalvar que “... caso queira algo mais que apenas uma gaja em quem dar uns amassos e passar uma noite tórrida.” Naturalmente, isto põe de parte engatar em bares. Pensei que, de tão óbvio, não fosse necessário referi-lo textualmente. Não quer dizer que não se possa encontrar uma ou outra gaja porreira em bares. O que acontece é que é muito mais certo encontrar alguém que partilhe os seus interesses noutros ambientes, nomeadamente em cursos.

Se dá “muito trabalho”?! É suposto dar trabalho! Ou você pensa que as raparigas que realmente valem a pena existem para aí ao pontapé? Que, a cada dois passos que se dá, se tropeça numa, não? Desiluda-se, homem! É preciso penar para encontrar uma rapariga de jeito! Elas são raras, e é por isso que são tão valiosas. Mas lembre-se que se ama mais o que se conquistou com esforço.

Mudando de assunto, que parte de “Bendita genética, que me criou com o gosto pela Dança...” é que você não entende? Eu não me “mexo só por gajas.” Se eu danço, é porque, acima de tudo, gosto de o fazer. Porque me dá prazer. É apenas uma feliz coincidência interessar-me por algo que as raparigas na sua esmagadora maioria também gostam. E, já agora, também lhe digo que ninguém se mexe por gajas. Por outras palavras, ninguém se sujeita a actividades que não gosta movido apenas pelo objectivo de engatar. Ou, pelo menos, não se sujeita por muito tempo. Conheço, por exemplo, quem tenha ido a um ou outro funeral levado apenas pela possibilidade de engatar uma menina chorosa com necessidade de consolo. Mas os funerais são ambientes tristes e deprimentes e, como não dão prazer, ninguém se dedica a isso por sistema. A menos, claro, que retire disso algum gozo (hmmm... olha que ideia mais twisted para uma BD!...).

Para acabar, deixo-lhe um conselho de amigo: antes de tentar entalar um Jacaré velho e rodado, convém certificar-se que está bem seguro do seu próprio jogo. Caso contrário, arrisca-se a passar vergonha devido à sua própria jactância (e ignorância). Não terei qualquer problema em dar-lhe razão no dia em que, com uma argumentação elucidada e bem construída, me fizer ver que estou errado. Mas o meu amigo vai ter que abrir bem os olhos e livrar-se de muito preconceitos dessa sua cabecinha, se algum dia quiser levar a melhor sobre alguém minimamente inteligente e informado. Não basta ser chato e cabeçudo.

Seja como for, muito obrigado por me fornecer tanto material para “O Jacaré Responde”. É simpático da sua parte. Keep‘em coming!

sábado, julho 24, 2004

QUANTIDADE VERSUS QUALIDADE

A minha namorada é insaciável. Adoro fazer sexo com ela e gosto de lhe dar prazer na cama, mas por mais que tente não consigo vir-me mais de três vezes por noite. Ela bem puxa pelo macaco, e faz-lhe festinhas, mas não há meio de o conseguir levantar depois da terceira. E já a terceira custa bués! Eu gosto da minha namorada, mas tenho medo de não a estar a satisfazer, porque ela está sempre pronta para mais; se mais eu desse, mais ela levava. Será que o problema é meu, que sou uma picha mole, ou é ela que é uma ninfomaníaca?
Leitor anónimo

O maior barrete que enfiaram ao género masculino foi fazê-lo crer que a prestação sexual de um gajo é tanto melhor quanto maior o número de vezes seguidas que ele se vem numa noite. Isso e a tanga de que não se pode saltar à espinha duma gaja quando ela está com o período ou sofre de enxaquecas. Pfff! Enxa-quecas – com um nome desses, até está mesmo a pedi-las, que raio!

Pois saiba, meu caro amigo, que nem o corpo masculino foi construído para ser mungido continuamente à vontade do freguês. Nunca ouviu falar do período refractário? Pois bem, o ciclo das reacções sexuais do homem é composto por quatro fases: a fase de excitação, a fase de actividade, a fase de orgasmo e, finalmente, a fase de resolução. Não vou perder tempo a explicar o que acontece em cada uma das fases porque penso que os nomes são suficientemente explícitos para todos entendermos do que estamos a falar. Direi apenas que é na fase de resolução que toma lugar aquilo a que se chama de período refractário.

O meu amigo está a ver aquela doce lassidão que se apodera de todo o seu corpo, logo após ter esvaziado os tomates, deixando-o tranquilo e em harmonia com o Universo, e prontinho para dormir na paz dos anjos? Pois bem, essa é a fase de resolução, que se caracteriza exactamente pela descida dos níveis físicos de intensa actividade sexual para os de repouso. Nessa altura, o que é que acontece ao “macaco”? Afrouxa, já se sabe. E, por mais que se incite o bicho e se “lhe faça festinhas”, não há meio do animal se levantar tão cedo. Ora bem, o período refractário é exactamente o lapso de tempo que sucede ao orgasmo durante o qual é impossível voltar a ter uma erecção. Naturalmente, esse lapso de tempo varia de indivíduo para indivíduo, consoante a sua idade e condição física. Se um jovem saudável e repousado precisa de 10 minutos, em média, para voltar a hastear a bandeira, já um velho pode levar até vários dias para o fazer! Lixado, hã?

Quanto a elas, é comum dizer-se que não têm período refractário. Na realidade têm, porém, ao contrário do homem, este não sucede necessariamente ao orgasmo. O que significa que, se estimuladas, elas podem continuar o acto sexual imediatamente após um orgasmo (já ouviu falar em orgasmos múltiplos?). Contudo, tal como eles, também elas têm o seu limite – e, se algumas precisam de muito para as mandar abaixo, outras há que ficam exaustas logo após o primeiro round. Quer-me parecer que ao meu amigo lhe calhou uma peça mais dura de roer.

No entanto, não desespere. Para tudo há uma solução. E, no seu caso, até há várias. Pode sempre largar essa gaja e arranjar outra menos resistente que fique arrumada logo à primeira. Ou manter a gaja e oferecer-lhe antes um vibrador gordo e baterias recarregáveis – e ela que se amanhe. Lembre-se é de investir num vibrador silencioso, para poder dormir descansado (e saciado) enquanto ela se entretém sozinha pela noite adentro.

Contudo, se quer a minha opinião mais sincera, digo-lhe já que acho todo esse esforço para dar várias seguidas absolutamente escusado. É a velha questão da quantidade versus qualidade. No meu entender, basta apenas dar uma. Uma que dure a noite inteira.

sexta-feira, julho 16, 2004

O JOGO DAS ESCONDIDAS

Já que o Jacaré parece ser tão sabedor, onde é que um gajo deve ir para conhecer gajas fixes?
Leitor identificado

O meu caro amigo, com certeza já viu (toda a gente viu!) o filme “Um Príncipe em Nova Iorque” (“Coming to America” na versão original), de John Landis. Aquele em que o Eddie Murphy faz o papel de Príncipe Akeem, do Reino de Zamunda (algures na África), que, nas vésperas do seu casamento (arranjado), abandona o país natal com destino a Queens, Nova Iorque, no intuito de lá encontrar uma mulher a quem ele possa verdadeiramente chamar rainha e que o ame pela pessoa que ele é e não pela sua posição.

Assim que chegam à América (e depois de serem descaradamente roubados dos seus pertences), Akeem e Semmi (Arsenio Hall), o seu fiel servo, correm os bares da night nova iorquina à procura de uma mulher. Mais que uma mulher, eles procuram a mulher – a rainha. Obviamente, não encontram. Quando regressam, desanimados, ao carunchoso hotel onde estão instalados, encontram Clarence, o barbeiro (Eddie Murphy outra vez), a fechar o seu estabelecimento (que encerra tarde, hã? Já os “boys from Africa” correram tudo o que é bar!). E é ele quem lhes dá a dica certa: não é nos bares que eles vão encontrar o tipo de mulher que querem – para encontrar a mulher que procuram, é necessário ir ao sítio certo. Como a reunião de Black Awareness, por exemplo: “There gonna be fine women there!” afiança o barbeiro.

Também na vida real, todos nós procuramos a rainha. Ou o rei, dependendo do género e inclinação sexual de cada um. Contudo, tal como no filme, antes de iniciar a sua busca, convém saber o que procura. Porque só sabendo o que procura, saberá onde procurar. É tão simples quanto isto.

Portanto, pergunte-se que tipo de rapariga procura. Caso queira algo mais que apenas uma gaja em quem dar uns amassos e passar uma noite tórrida, provavelmente chegará à conclusão que procura uma rapariga que partilhe os seus interesses. Essa resposta dá-lhe logo algumas pistas de onde procurar. Mais: essa resposta diz-lhe mesmo que, se ela partilha os seus interesses, há muitas chances de a encontrar nos mesmos meios que você frequenta! A Natureza é sábia, hã?

Infelizmente, o problema agrava-se quando um gajo tem a mania que é caracol e passa os dias enfiado em casa, com medo de sair à rua e conhecer gente nova, ou quando os meios que frequenta são maioritariamente frequentados por pessoas do mesmo género que o seu. No primeiro caso, a solução é resignar-se e bater punheta (ninguém o vai arrastar para fora de casa). No segundo caso, também pode bater punheta (é saudável e sempre desentope a canalização), mas há outras alternativas: adaptar-se à realidade e dar em gay (coisa que anda muito em voga nos tempos que correm), ou alargar a pesquisa. Por outras palavras, invista nas suas diferentes áreas de interesse. A solução é a diversidade. Felizmente, a Natureza criou o ser humano com a capacidade de se interessar por vários campos de actividade. Aproveite-a.

O Jacaré aconselha: aposte forte em cursos, mini-cursos e workshops. Há-os das mais diversas áreas: de Dança, Fotografia, Informática, Teatro, Música, Desporto, Massagem, Culinária, you name it. São os melhores locais para conhecer pessoas que partilhem os seus interesses. Além disso, sempre aprende alguma coisa e aumenta o seu currículo.

E mesmo que acabe por conhecer só gajos, não desmoralize. Faça-se amigo deles, que eles hão-de ter amigas que sempre lhe podem apresentar. Ou irmãs. Ou até mães...

segunda-feira, julho 05, 2004

PICAR E SER PICADO

A 21 de Junho de 2004, sob o título de “tou a sentir a veia artística... de novo!” o meu amigo e colega mARco publica o seguinte texto no seu blog (visitem-no e curtam a sua visão corrosiva do mundo em www.atejaomarcotemum.blogspot.com):

“ontem tava na casa da minha namorada a ajudá-la a corrigir os testes dos putos a quem ela dá aulas... ela dá as cotações pra cada pergunta e eu somo-as... é uma pequena ajuda mas já lhe tira umas horas de trabalho tendo em conta que são 3 turmas, acho eu...

“mas enquanto ela via lá quanto é que tirava por cada erro ortográfico ou não, eu tinha de passar o tempo... então pus-me a desenhar (algo que já não fazia há muito tempo) um motarde... (a imagem teve uns retoques no fótóchópe... pronto, não foi no fótóchópe porque eu não percebo grande coisa daquilo, foi mesmo no peinte do uíndous!)

“achei que o desenho ficou tão fixe que decidi trazê-lo, pra meter práqui como... logotipo?! não é grande coisa, eu sei, mas acho que não tá nada mau pra um artista iniciado como moi... e prálém disso, ainda consegui impressionar a minha namorada que disse: ‘sabes desenhar, sabes escrever, porque é que foste pra informática?’...”


Para meu grande espanto, este belo elogio, vindo de uma rapariga que, se possui a sensibilidade para apreciar tais qualidades no seu amado, só pode ser uma rapariga, no mínimo, inteligente, provoca os seguintes comentários (que só posso classificar como originários de visões inacreditavelmente limitadas e elitistas – e potencialmente frustradas):

“LOL
“porque engenharia é 50000 vezes mais fix que esses cursos homosexuais de artes ou que os cursos de filosofia de café.
“alem de dar muito mais dinheiro”


E...

“É assim mesmo. Se a minha namorada me dissesse uma coisa dessas, eu dáva-lhe um murro na cara e mostrava-lhe este site:

“http://money.cnn.com/2004/02/05/pf/college/lucrative_degrees/index.htm?cnn=yes

“Se ela não pedisse desculpa, dáva-lhe outro murro, depois obrigava-a a despir-se e queimava-lhe a pele com cigarros, até que parecesse um queixo suiço cor-de-rosa.

“Acredito que por esta altura já tivesse pedido desculpa - mas não sei! Só experimentando a sério.

“Hitokiri Zimbabue Nachagaiana”


Terei perdido completamente o meu sentido de humor, ou esta é uma tentativa algo grosseira – e completamente frustrada – de tentar provocar umas gargalhadas? Don’t get me wrong, eu até sou um grande apreciador do macabro, mas não compreendo que raio de piada pode ter uma graçola sobre queimar a pele da própria namorada com cigarros, por muito grande (ou pequena) que tenha sido a sua falta. Ainda se fosse uma ex-namorada... Para mim, este tipo deve ter sérios problemas, sendo o primeiro estudar Engenharia Informática. Obviamente, não posso deixar passar estas provocações sem uma resposta à altura:

“Pfff! Cambada de nerds dos computadores! Os cursos de Artes não são homossexuais, têm é muitos homossexuais! Assim como também têm montes de gajas! Ora, em terra de cegos, quem tem olhos é rei, o que significa que, quando não há competição, sobram mais gajas para aquele que não é maricão.

“E nos cursos de Engenharia Informática, há gajas?
Suckers!

“Bem podem guardar o dinheiro que (pensam que) hão-de ganhar quando terminarem o curso. Há-de-lhes servir para comprar o sexo que lhes andou a faltar nas primeiras três décadas das vossas vidas.”


Umas meras três horas depois, já tenho uma resposta ao meu comentário! Ei-la:

“quando usei a palavra homosesual nao queria dizer que tinha mts gays .. e mesmo que quisesse, nem teria um sentido depreciativo, visto que nem sou totalmente straight.
“o que quis dizer eh que so se aprende a fazer riscos, a pintar e os movimentos de todos os ‘artistas’ que, como suckavam forte e feio nas escolas existentes, criaram um estilo proprio pensando que estavam a inovar.
“o que quis dizer com gay eh que o ppl de artes, letras e afins nao faz ponta de um corno. se pensam que realmente contribuem com algo de jeito deviam po-los a construir pontes, satelites, processadores .. ou seja um problema que precisa de uma solucao exacta e nao de um gajo a divagar ‘ai ai .. qual eh o sentido da vida? ai deixa me aqui fazer uns tracos, esculpir duas pedras ou entao virar um urinol (marcel duchamp http://www.humanitiesweb.org/gallery/125/tn1.jpg ) e pronto. sinto-me realizado’

“(nao estou a dizer q essas pessoas suckam, ou q engenheiros sao melhores pessoas, estou apenas a referir-me ah disciplina)

“depois, sim em informatica ha gajas e cada vez mais. e sim vamos ganhar muito dinheiro porque, felizmente, os directores das empresas reconhecem o nosso valor e, alem disso, como eh q criavam produtos? com um pintor ou sociologo? lol.

“quanto ao sexo, nao preciso de o comprar, apenas arranjar uma namorada. essa tua visao estereotipada nao corresponde nada ah realidade.
“:p
“cunhinha, aka o gajo que fez o 1º comment”


Só no dia seguinte, produzo a minha resposta:

“Esta vai ser boa! Só para começar:

Homossexual = pessoa que se interessa amorosa e sexualmente por indivíduos do mesmo sexo.
Lorpa = gajo que não faz nada na vida.

“Se o meu amigo quer chamar nomes às pessoas, ao menos use os adjectivos apropriados. Se quer chamar lorpa a um gajo, não lhe chame homossexual, porque induz quem o lê em erro.

“Em segundo lugar, gostei bastante da sua conversa sobre ‘disciplina’ e ‘contribuição’. Acho o seu discurso algo fundamentalista, mas penso que poderia ir ainda mais longe. Seja ousado! Porque não acabar com todas as profissões excepto aquelas que realmente produzem a sério? Refiro-me às profissões ligadas ao sector primário, claro. Agricultura! Pecuária! Isso sim, é que são profissões a sério! Produtivas, hã? A abarrotar de disciplina, carago! Revolução Agrária, já! O meu amigo é que poderia dar o exemplo: dedique-se a criar cabras, homem!

“Em terceiro lugar, não julgue que a carreira de Engenharia Electrónica lhe vai render muito dinheiro só porque ‘... felizmente, os directores das empresas reconhecem o nosso valor...’ Abra os olhos! Não há ninguém que ganhe dinheiro neste mundo sem trabalhar a sério. Ou acha que o Bill Gates (só para dar o exemplo de um
nerdzinho dos computadores) se limitou a ter uma ideia genial na vida e anda agora a viver à conta dos lucros que essa ideia lhe rendeu? O gajo trabalhou e trabalhou bastante! E continua a trabalhar, que custa muito mais manter-se no topo do que atingi-lo!

“Portanto, se realmente quer fazer dinheiro na vida, prepare-se para dar o litro, que aqui ninguém lhe dá nada de graça. Espero que realmente goste de computadores, porque vai passar o resto da sua vida sentado à frente deles! Adeus vida social (qual vida social? Estou a falar com um
nerd dos computadores! Ha ha ha!) e adeus saúde, tanto mental como física. Mas, deixe lá, haverá sempre o dinheiro (que, infelizmente, não terá oportunidades de gastar, porque estará muito ocupado a trabalhar).

“Em quarto lugar, não me dê tangas! Gajas em Informática? Pois sim! Acredito que existam, mas devem ser tão raras quanto estudantes de informática que não são virgens!

“E, por último, caraças!, quase me fez esquecer que só quis comentar este
post para dizer ao meu grande amigo mARco que gostei imenso de seu ‘motarde.’ Gosto sempre de ver uma pessoa que revela aptidões artísticas e não se limita a produzir. É indicador de uma inteligência superior. É verdade, acredite! Não sabia que a expressão artística só surgiu no Paleolítico Superior, com o Homo Sapiens? Os anteriores eram demasiado limitados para a Arte.

“Se quiser, caro mARco, posso dar-lhe algumas dicas de ‘fótóchópe,’ que eu cá percebo bastante do assunto. Um abraço!

“P.S. Caraças, esta resposta, só por si, merecia uma entrada n' ‘A Goela!’”


Não foi para a “A Goela,” mas veio parar a “O Jacaré Responde,” que esta discussão bem merece alguma notoriedade!

Não se tinham escoado duas horas depois de publicar a minha resposta (ainda as teclas do meu computador não tinham esfriado), e já o meu interlocutor respondia:

“ahaha! lindo x'D

“ok, por partes:

“‘Se o meu amigo quer chamar nomes às pessoas, ao menos use os adjectivos apropriados. Se quer chamar lorpa a um gajo, não lhe chame homossexual, porque induz quem o lê em erro.’

“hum .. se nunca viste alguem usar a palavra gay no sentido de lorpa .. entao nao deves sair muito .. toda a gente faz isso :p

“depois.. sobre as outras profissoes nao serem necessarias .. obvio que sao .. nao quis dizer isso .. e se dei essa ideia peco desculpa mas, da maneira que oico as pessoas que nao sao do ‘agrupamento de ciencias’ falaram de nos .. devem pensar que sao mt melhores .. como disse uma vez a minha prof de filosofia do 11º ‘engenheiros? isso eh o pior que ha’ .. sim seria muito melhor sermos todos filosofos e estarmos nas grutas a discursar sobre a morte e a condicao humana *whatever*

“quando ao futuro .. tb eh obvio que tudo depende do trabalho (e cunhas e sorte e essas coisas todas que fazem parte da vida) .. e claro que existem muitas pessoas de todos os outros ramos que terao cargos de mais responsabilidade que engenheiros.
“sobre o bill gates, bem na volta respeito o muito mais que tu .. e .. achas mesmo que esse ‘nerd’ se saiu mal na vida? eh rico .. tem uma mulher , filhos, dah imenso ah caridade .. nao vejo o mal sinceramente.

“passar a vida atras dos computadores? sim parece me bem. se for a fazer o que gosto. nos, ao contrario dos ‘artistas’, nao andamos sempre a divagar (geralmente sobre algo com pouco interesse como ‘como representar X de maneira que ng entenda’.
“vida social .. estou a ver que, para ti, se nao for sair todos os dias com 20 amigos, nao tenho vida. se entenderes assim, entao nao, nao tenho vida social.
“tambem interpreto, pelo que escreveste, que um curso de jeito tem de ter, NO MINIMO, 70% de gajas, aposto que nem te importas se for gajas produzidas com teias de aranha na cabeca. tem eh de haver gajas. um homem a serio tem gajas! gajas! e sai todas as noites! (quem me dera ter esta vida, realmente. serio, a estupidez deve ser tanta que nem se apercebem da futilidade .. mas espera .. teem bue gajas! e saem bue. que fix).

“concluindo .. (e num tom mais serio) se me conhecesses tv reparasses que defendo todas ‘as profissoes’ (dizendo assim) porque acredita, se pensas que sou fundamentalista, nunca conheceste alguem realmente fundamentalista :p
“por outro lado, tb eh *deveras* irritante ver pessoas que so se preocupam com ‘a forma da coisa’ a rebaixarem quem procura o conhecimento exacto (e eh o conhecimento exacto que eu valorizo).
“por fim, tal como o que tenho escrito eh uma visao esterotipada porque, apesar de conhecer muitas pessoas de artes como aqui descrevi, tb conheco algumas com muito muito talento, espero que saibas que a tua visao tb eh muito esterotipada. tv infelizmente, hj, e cada vez mais, o que mais se ve nos cursos de engenharia sao ‘playboys’ com futebol e cerveja na cabeca.

“cunhinha, o Taliba

“p.s.: se quiseres continuar a discussao, nao levo a mal. alias divirto-me bastante a picar e a ser picado. como uma vez alguem disse ‘podes nao falar nao admitir ser mencionado ou picar e ser picado’ .. prefiro a segunda :))

“p.s.2: (nunca mais acaba ><) sim, nao ha nada melhor que uma pessoa explorar todos os seus talentos. foi com muita pena que tive de desistir de algumas actividades para me dedicar a outras. sao opcoes.”


Como não podia deixar de ser, eu só respondi passados dois dias. Entretanto, fui passar um dia na praia, com uma amiga... Ela bem me pôs protector solar, mas apanhei um escaldão na mesma. Ainda hoje me está a cair a pele!

“Caro amigo Cunha:

“Você é um gajo porreiro! Chato e cabeçudo, mas porreiro.

“Confesso que nunca ouvira alguém usar 'homossexual' para definir um 'lorpa.' Toda a gente faz isso? A sério?! Não é que duvide da sua palavra, mas tenho de averiguar. Se calhar, o meu amigo tem razão – eu devia sair mais. Mas falta-me o tempo, sabe. Entre estudar na Faculdade e trabalhar à noite, ter aulas de dança e dar aulas de dança, tomar copos com amigos, sair com miúdas e bailar ocasionalmente nos inúmeros bailes de Danças de Salão que há por essa Lisboa afora, não me resta tempo para muito mais (e olhe que eu bem gostava de fazer mais!).

“Em relação à validade das profissões, penso que estamos conversados. Julgo que, afinal, a sua raiva não é bem contra 'o ppl de artes, letras e afins [que] nao faz ponta de um corno,' como o meu amigo referiu, mas sim contra 'o ppl de artes, letras e afins' que rebaixa e se julga melhor que os engenheiros, como a sua professora de Filosofia do 11.º ano (que, a avaliar pelo que me conta, também devia ser uma boa alienada, pobrezita). Deixe lá, caro amigo. Eu estudo Artes (já o tinha adivinhado, diga lá) e sempre sofri o estigma de ser considerado um lorpa (perdão, um homossexual) por todos aqueles que se dedicam ao estudo das ciências exactas (que, tal como você, acreditam que a sua área de estudo é que contribui para o progresso da sociedade). Portanto (e ironicamente), sei bem como o meu amigo se sente.

“Quanto ao Bill Gates, acredite que não sinto por ele o mínimo desprezo. Pelo contrário! Tal como diz, acho que sim, ele saiu-se mesmo muito bem na vida! Os meus sinceros parabéns! O ponto que eu queria fazer passar é que ele trabalhou (e continua a trabalhar) bastante para chegar onde chegou (e lá se manter)! Quanto ao facto de lhe chamar '
nerd,' não o faço com sentido depreciativo, creia-me. Chamo-lhe 'nerd' simplesmente porque... bem, porque ele é nerd!...

“E, a propósito de
nerds, e já que me pergunta, vamos esclarecer algumas coisas acerca daquilo que eu considero 'vida social.' Ora, eu estudo Arquitectura. Porém, detesto a raça dos Arquitectos. Porquê? Porque são gajos que têm a mania que Arquitectura é que é bom e vêem aquilo à frente dos olhos. A esmagadora maioria dos alunos de Arquitectura são gajos alienados cujo universo gira à volta do próprio umbigo. São tipos que apenas se dedicam àquilo e não fazem mais nada! Obviamente, os gajos com quem me dou na Faculdade são tipos que têm outros interesses na vida além da Arquitectura e que, consequentemente, são pessoas mais ricas e completas em termos de personalidade. Habitualmente, são pessoas que também têm uma vida social activa, porque desdobram as suas atenções por várias áreas de interesse que as leva a conhecer muita gente. É uma consequência natural. Percebe? Eu dificilmente definiria ter 'vida social' como 'sair todos os dias com 20 amigos,' contudo, tenho de dar a mão à palmatória: em termos práticos, é esse o resultado mais perceptível.

“Para finalizar, falemos de gajas. '... Interpreto, pelo que escreveste, que um curso de jeito tem de ter, NO MINIMO, 70% de gajas...' (Caramba, homem, você tem de reduzir tudo a números? Vida social = 20 amigos/dia; curso de jeito ≥ 70% de gajas... Controle-se!) Não, meu amigo, não. Em relação a raparigas, 70% é pouco! Quantas mais, melhor!!! '... Aposto que nem te importas se for gajas produzidas com teias de aranha na cabeca...' Ora bem, é precisamente por essa razão que quanto mais gajas, melhor! Não está a ver? É que grande parte das gajas é 'produzida com teias de aranha na cabeca!' Um gajo tem de procurar bastante para encontrar algumas que realmente valham a pena. Por isso, quantas mais, melhor, porque mais chances há de se encontrar uma ou outra que valham a pena. Parece-me lógico, a si não?

“Por agora, é tudo. Antes de acabar, peço-lhe apenas um favor: tenha calma, leve o seu tempo e responda-me só daqui a dois ou três dias, pode ser? É que eu tenho uma vida para além disto e não tenho tempo para responder com a rapidez com que você o faz. Obrigado pela compreensão.

“Até para a semana e um grande abraço!”


E, realmente, parece que o meu interlocutor levou o meu pedido muito a sério, pois, até ao momento, não voltou a responder. Se calhar, fartou-se de me aturar. Pode ser que, ao ver toda a discussão publicada (e comentada) n’ “O Jacaré Responde,” ele se sinta inspirado a dar mais algumas estocadas.

Enquanto esperamos, aproveitemos para dar um salto até www.livejournal.com/users/eldereddas para dar uma vista de olhos ao live journal deste meu novo amigo Cunha. Ele até é um gajo porreiro. Chato e cabeçudo, mas porreiro.

sábado, julho 03, 2004

INSEGURANÇA

Originalmente publicada n’ “A Goela do Jacaré,” foi esta a entrada que deu o mote e sugeriu a ideia para a criação d’ “O Jacaré Responde.” Logo, nada mais justo do que publicá-la aqui, juntamente com um abraço para o meu colega mARco, “o psicólogo,” grande amigo e inspirador. Apreciem!

“eu sou um gajo bué inseguro... sempre que a minha namorada começa a falar num tipo... qualquer que ele seja... que lhe fez isto, ou lhe disse aquilo... começo logo a fazer má cara, à procura de subjectividades em algo que possa ter dito... de subentendidos em algo que possa ter feito... depois tento lembrar-me que ela gosta muito de mim... e que me adora... (...) é claro que eu sei que quando se gosta de uma pessoa, tem-se sempre medo de a perder... mas será que estou acima ou abaixo da média... serei paranóico?”

Meu bom amigo, você é jovem e ainda tem muito que aprender acerca da índole humana em geral, e da feminina em particular. Para começar, descanse: você não é paranóico. Ou, pelo menos, não mais que os outros. Todos nós, que neste momento bisbilhotamos a sua vida amorosa, nos identificamos com a sua insegurança, em maior ou menor grau. Afinal, homem que é homem, leva muito a sério a eventualidade de ser encornado pela sua mais-que-tudo! Mas, ah!, orgulho vão! Desnecessária preocupação! O mundo está dividido em dois grupos: o dos que foram encornados e o dos que vão ser. Calha a vez a todos, portanto, deixe lá isso, que ninguém se fica a rir. Se não for a sua actual namorada a enganá-lo, será outra. E elas, por sua vez, também o serão. Não gaste tempo “à procura de subjectividades... [ou] subentendidos” no discurso e no comportamento da sua namorada. Isso é ir à procura de chatices. É tão escusado procurar prever e evitar ser enganado como tentar prever e evitar um terramoto em Lisboa. Quando tiver de acontecer, acontece mesmo, mau grado todas as suas preocupações! Portanto, é deixar andar e evitar atrofiar com inquietações inúteis. Lembre-se simplesmente que, se ela lhe fala dos gajos com quem se dá, é bom sinal. Significa que não sente nada por eles. Porque, se ela sentisse, acredite que não lhe diria nada! Você seria o último a saber, como sempre acontece nestas histórias.

Tenha também em atenção que mulher é criatura matreira, que usa o Ciúme como bitola do Amor. Isto significa que ela o pode estar a manipular intencionalmente, no sentido de provocar a sua reacção e testar o seu amor por ela. Se for este o caso (e é mais que provável que seja), nunca lho atire à cara, porque ela o vai negar imperiosamente! Deixe-a ficar com a versão dela e fiquemos nós com a verdade. Quanto a si, faça-se de parvo, entre no jogo dela. Reaja, tal como ela quer, para lhe mostrar que a ama. Mas faça-o só ocasionalmente e não exagere! Mantenha uma certa distância emocional do assunto. Não lhe convém nada passar-se de cada vez que ela fala de outro gajo. Ou, pior, de cada vez que ela fala com outro gajo, ou brinca com ele, ou dança com ele...

A insegurança mina uma relação. Porque ataca a sua base – a confiança mútua. E, se você não confia nela, decida: ou lhe dá com os pés e caga na relação, ou aposta nela e arranja confiança. Se não consegue arranjar confiança genuína (o que leva tempo, dá trabalho p’a caraças e não está ao alcance de todos), pode sempre fingi-la. Para isso, basta tão-somente ignorar a maior parte do que a sua namorada diz – não se preocupe, que não vai perder nada de interesse. O seu grande problema, aliás, é precisamente dar tanta importância ao que ela fala. Porque insiste em olhar o Sol directamente, se lhe magoa os olhos? Feche-os! O que é lhe interessa a si as coscuvilhices da vida dela? “... E ele disse blá e eu respondi blá-blá e ele fez blá-blá-blá...” Que conversa de caca! Ignore-a, homem! Enquanto ela está entretida com os seus mexericos, concentre-se mas é no filme porno da Fernanda Serrano que viu na Net (fake, mas sempre dá para ir sonhando) e vá respondendo “hmm-hmm” ao calhas, para a sua adorada pensar que você está atento à sua verborreia. Acima de tudo, lembre-se: ela é uma rapariga. E, como quase todas elas, não sabe o que quer! Porque raios está você a dar ouvidos ao que diz alguém que não sabe o que quer?!...

REI MORTO, REI POSTO

Hoje completam-se precisamente três meses desde que comecei a escrever “A Pança do Jacaré,” curiosamente também a um Sábado. Originalmente, “A Pança do Jacaré” foi criada para ser um complemento a “A Goela do Jacaré,” blog onde, desde finais de Fevereiro, venho publicando as minhas filosofias acerca da complexa interacção que caracteriza a relação entre os géneros feminino e masculino e, esporadicamente, sobre outros assuntos, de vária ordem e diferente cariz (mas muito menos apreciados pelos meus leitores, verdade seja dita). “A Goela” foi criada com um carácter ensaístico, elaborando as suas teorias na interpretação da análise dos dados e resultados dos problemas focados, mas deixando de fora a experiência pessoal que permite passar daqueles para estes. Até agora, a sua frequência de publicação tem sido semanal.

A criação d’ “A Pança” fez-se no intuito de preencher o espaço deixado em aberto pel’ “A Goela,” ou seja, se este é um blog de opinião onde os problemas são focados do ponto de vista geral, sem entrar no campo particular e pessoal, aquele apresenta-se mais como um diário pessoal, onde os acontecimentos descritos decorrem da minha vivência diária. Consequentemente, a frequência de publicação d’ “A Pança” sempre foi errática, acontecendo ao sabor do momento ou, mais precisamente, dos acontecimentos.

Nunca cheguei a perceber se os meus leitores alguma vez distinguiram a subtil diferença. Mesmo que o tenham feito, duvido que tenham tomado interesse pelo assunto, pois sempre leram ambos os blogs indiscriminadamente. Seja como for, eu próprio cheguei à conclusão de que é escusado manter dois blogs diferentes quando o conteúdo de ambos pode coexistir num único, sem qualquer prejuízo para o leitor. E, assim sendo, três meses após a criação d’ “A Pança,” anuncio, não a sua extinção, mas sim a sua fusão n’ “A Goela,” que, em consequência disso, sofrerá algumas alterações a nível de conteúdo e frequência de publicação, mas continuará a manter tudo aquilo a que os meus leitores estão já habituados.

E ainda mais obedecendo à lei que dita que “nada se cria, nada se perde, tudo se transforma,” tenho, coincidentemente, o prazer de anunciar a inauguração de um novo blog, a funcionar paralelamente a “A Goela do Jacaré.” Este novo blog intitula-se “O Jacaré Responde” e pretende fornecer apoio e acompanhamento psicológico a todas as pequenas ovelhas perdidas que desesperadamente procuram a condução forte e segura de um guia moral e espiritual como o Jacaré. Porque este mundo é uma selva, onde o homem tem medo do próprio homem.