THE MATRIX IS ALL AROUND US
“Eu sei que tenho um espirito criativo que se perde entre a realidade e o imaginário... embora CONSCIENTEMENTE mantenho o controlo e mantenho as minhas acções rente à realidade... mas... Sadly, sou chamado de louco, ou maluco, ou qualquer cena do género, mas o mais recente comentário foi ‘larga a ganza’ e ‘ganzónias’, ou à uns tempos atrás ‘larga as ervas’... claro que foi de um amigo, mas... ... mas, eu nem fumo nem gramo o fumo dessas cenas! Agora, serei eu louco/maluco ... imaginativo... ou transcendo as linhas de código da matriz?”
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O ser humano é um animal social. Sempre o foi. Antes mesmo de o homem ser Homem, já vivia em comunidade. Ou seja, andamos em bando. Fazemo-lo por necessidade, pois somos muito mais fortes em grupo do que individualmente, mas, acima de tudo, fazemo-lo porque gostamos da companhia uns dos outros. Afinal, a experiência existencial do indivíduo humano é ampliada e enriquecida pelo contacto com os seus semelhantes.
Este bando a que pertencemos tem o pomposo nome de sociedade. Em última análise, não passa de um aglomerado descomunal de inúmeros macacos pelados que se passeiam pelo mundo sem saber muito bem porquê nem para quê. Mas é um conjunto que se tornou tão vasto e heterogéneo, que se subdividiu e deu origem a incontáveis subconjuntos dentro de subconjuntos, multiplicando-se no sentido da especialização dos indivíduos. Naturalmente, todo este intrincado sistema necessita de ser regulado, disciplinado e manipulado por leis, regras e códigos que acompanhem a sua sempre crescente complexidade, pois muitas cabeças a pensarem ao mesmo tempo, sem uma estrutura comum que as apoie e direccione, confluem necessariamente na ruptura do conjunto.
Porém, enquanto certos indivíduos estão satisfeitos com o modo de funcionamento do sistema (ou vão fazendo por isso) e aceitam as regras, outros há que nem por isso. Obviamente, o indivíduo modelo é aquele que contribui para o bom funcionamento do conjunto, ou seja, o que fielmente se regula pelas leis instituídas. Contudo, e como se rege sempre pelas regras, esse indivíduo acaba por nunca sobressair especialmente na vida em sociedade, quer pela positiva, quer pela negativa, o que o torna naquilo que comummente é apelidado de “pessoa normal.” Se isso o incomoda? Pelo contrário! Aquilo a que ele mais aspira é precisamente a ser normal, fazer parte do conjunto, integrar-se. Porque o sistema até pode estar longe de ser perfeito, mas é o melhor que temos e a vida já é suficientemente complicada sem tentar remar contra a maré... Por outro lado, aquele que não se encaixa nas engrenagens da máquina social, o inadaptado que nela produz atritos e avarias, é um indivíduo que questiona as regras (e permitam lembrar que questionar não significa necessariamente quebrar nem simplesmente reclamar). Para o indivíduo normal, porém, esse gajo não passa de um anarquista, delinquente, ignaro ou louco. Ou artista, claro. Afinal, aquilo que caracteriza o indivíduo de espírito criativo ou imaginativo é habitualmente uma visão singular do universo que o rodeia, que decorre precisamente do facto de estar insatisfeito e questionar o que se passa à sua volta. Por isso, é invariavelmente encarado como uma peça defeituosa do sistema.
No fundo, o indivíduo normal não passa de um conformado, demasiado amedrontado para correr riscos. Para se justificar perante si mesmo, prefere acreditar que é o inadaptado quem está errado. É mais fácil chamar louco ao espírito insatisfeito não manietado pelas regras do sistema, do que questionar-se sobre a sua própria condição de marioneta que se esforça por seguir padrões de vida formatados por uma sociedade castrada e castradora. No entanto, é óptimo que existam gajos normais, que seguem cegamente as regras. Afinal, se a sociedade fosse integralmente composta por inadaptados, seria certamente dissolvida por discussões que nunca levariam a lado nenhum. E, no fundo, é fixe pertencer a uma minoria e poder chamar carneirada aos demais.
1 Comentário(s):
Béeeeeee
Estou de acordo
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