terça-feira, dezembro 12, 2006

O AUTO-HERÓI, PARTE II

Como prometido, revelo agora os passos finais do “Método do Jacaré Voador para Cultivar o Amor-próprio, em apenas 3 passos (agora com Ginkgo Biloba, L-Carnitina e tecnologia 3G!).”

2.º Passo – Liberte-se do Seu Medo
Tornar-se no seu próprio herói (1.º Passo deste “Método do Jacaré Voador”) não passa apenas por cultivar em si mesmo as qualidades (físicas e psicológicas) que o tornarão grandioso e nobre aos seus olhos. Um herói digno desse nome deve aprender a conquistar o seu medo. Não falo do variado leque de fobias de que uma pessoa pode sofrer. Refiro-me ao maior medo do ser humano.

Já aqui afirmei antes que o homem, como animal social que é, gosta de viver em grupo. Todos nós sentimos a necessidade de afecto e calor humanos. Por esse motivo, todos temos um cagaço medonho da solidão, como consequência da rejeição. Assim, o maior medo do ser humano enquanto indivíduo é regressar a uma casa fria e vazia após o dia de trabalho e acabar por morrer só, rejeitado e esquecido pelos seus semelhantes. Este pavor é de tal ordem que chega a tornar-se irracional (especialmente em mulheres que chegam aos 30 anos com fracas perspectivas de casar e procriar). Mas, enquanto uns lidam com o horror à solidão procurando companhia constante, outros preferem isolar-se de livre vontade (pois é impossível perder o amor que não se tem).

Qual é a carapuça que melhor lhe serve? É chegada a hora de encarar e libertar-se do seu medo. Mas não o faça só porque eu o estou a dizer! Faça-o porque só desse modo ganhará o respeito e admiração que quer ter por si mesmo. Por isso, se pertence ao grupo dos ermitões, deixe de se armar em misantropo e saia da concha. Dedique-se a todo o tipo de actividades em grupo do seu gosto, e conheça pessoas que partilhem os seus interesses (a este respeito, nunca me canso de aconselhar as Danças de Salão – fazem bem ao corpo e à mente e conhecem-se gajas em barda!). Por outro lado, caso pertença ao grupo dos que se afundam em depressão quando lhes falta companhia para sair ao Sábado à noite, saiba que a solidão também tem as suas vantagens. Repare que é a única posição em que um gajo tem liberdade total para fazer aquilo que bem entende, sempre que o entende, e sem precisar de aturar ou dar satisfações seja a quem for. Por isso, aproveite-a ao máximo. Em vez de ficar em casa ao desamparo, vá àquela sessão de cinema que não consegue convencer ninguém para ir ver. Vá ao teatro ou leve-se a jantar a um bom restaurante. Não deixe de viver a vida só porque não tem quem o acompanhe. Ou não acha a sua própria companhia mais que suficiente e merecedora? (Se é esse o caso, volte ao 1.º Passo.)

3.º Passo – Insista Sempre
Interiorize e repita os passos anteriores, mantendo sempre presente outra famosa elocução do augusto Marco Aurélio: “Que me seja concedida a firmeza para aceitar o que não posso mudar e a coragem para mudar o que posso, mas também a sabedoria para distinguir entre ambos.” Cultivar o amor-próprio é tarefa morosa, que requer anos de trabalho contínuo. São precisas muitas provas para convencer o crítico mais exigente do mundo! Por isso, seja perseverante e coerente nas suas acções e, um belo dia, é inevitável atingir o almejado estado superior. Nessa altura, ao olhar para trás, aperceber-se-á do looooongo caminho que percorreu. E da nova pessoa em que se tornou.

Nessa sua nova condição, sentir-se-á tal e qual o Neo no final do filme “The Matrix,” ao atingir o estado de iluminação que lhe permite ver a realidade do código para além da fachada daquela existência forjada. As pessoas à sua volta tornar-se-ão transparentes. A sua felicidade não mais dependerá dos que o rodeiam, mas sim de si próprio. Você será auto-suficiente. Porém, aviso-o já que, ao atingir esse estado superior, deixará de ter paciência para aturar namoradas inseguras (ou seja, todas). E, assim, está mesmo fadado a terminar os seus dias sozinho. Irónico, não?

9 Comentário(s):

A sábado, 24 março, 2007, Blogger Sandra Pereira comentou:

O problema, creio eu é nem saberem ao certo o que sinifica em plena forma o ser "auto-suficiente". Muito sofre, boa gente dependentes de tudo e de todos. Não é para qualquer um, conseguir chegar a este NIVEL de qualidade de vida. E não nos tornamos em pessoas novas mas talvez em pessoas mais ajustáveis ao nosso meio e ao nosso auto-conforto... Será assim tão difícil?! Mas como é sabido(entre nós) Pior do que sozinho, é ESTAR SÓ! E felizmente não é o mal de todos nós.
Beijocas

 
A quarta-feira, 28 março, 2007, Blogger Jacaré Voador comentou:

Tornamo-nos sim pessoas novas. Se isso não aconteceu, é porque ainda não atingiu o almejado estado superior.

Eu, por exemplo, tornei-me numa rapariguinha loira de 12 anos. Com trancinhas.

 
A quarta-feira, 28 março, 2007, Blogger Sandra Pereira comentou:

Então fale por si, jacaré! Eu cá continuo a ser morenita como sempre mas muito melhor por dentro:) Atingi assim o MEU almejado estado superior!

 
A segunda-feira, 02 abril, 2007, Blogger Jacaré Voador comentou:

Estado esse muito mais picante, decerto.

Uma piscadela de olho reptilínea. De uma menina loira para uma morena.

 
A terça-feira, 03 abril, 2007, Blogger Sandra Pereira comentou:

Picante ou não é bom conceteza. Que digam as BOAS LINGUAS. hehe

 
A terça-feira, 01 maio, 2007, Anonymous Anónimo comentou:

...ficava-me só pelo primeiro passo.

 
A sexta-feira, 11 maio, 2007, Blogger Jacaré Voador comentou:

Eu estava a brincar em relação a ter-me tornado numa menina loira de 12 anos. É mentira, não tornei nada.

Portanto, sem medos, pode fazer à vontade os três passos deste "Método do Jacaré Voador," que eu garanto-lhe pessoalmente que, no final, não se transformará num indivíduo do sexo oposto. Seja com trancinhas ou não.

 
A sábado, 02 junho, 2007, Anonymous Anónimo comentou:

Do sexo oposto não digo, mas gay tenho a certeza que sim.

 
A sábado, 09 junho, 2007, Blogger Jacaré Voador comentou:

Caro amigo, não leve a mal, mas você tresanda a homofobia.

Saiba que os homens mais intolerantes à homossexualidade são precisamente aqueles que têm receio de provar... e gostar. Eu, no seu lugar, ficaria atento.

 

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