sexta-feira, novembro 24, 2006

O AUTO-HERÓI, PARTE I

Sr. Jacaré Voador, pode um homem sem auto-estima aumentar a sua auto-confiança ou está condenado a viver em insegurança para o resto da vida?
Leitor identificado

Excelente pergunta, meu caro amigo! Saiba que em todo o vasto capítulo das relações humanas – interpessoais e intrapessoais –, nenhuma questão é tão pertinente quanto esta. De facto, todos os problemas afectivo-emocionais do ser humano enquanto indivíduo radicam na auto-estima (ou falta dela), o que torna esta a grande questão a que é imperativo dar resposta, já que todas as outras se desvelam a partir daqui. Permita-me então que revele o “Método do Jacaré Voador para Cultivar o Amor-próprio, em apenas 3 passos (agora com Omega-3, L. Casei Imunitass® e Aloe Vera!).”

1.º Passo – Seja o Seu Próprio Herói
A falta de amor-próprio – ou auto-estima – é geralmente encarada pela sociedade como um mal lamentável e vergonhoso de que sofrem as pessoas fracas (ou doentes). Ademais, não gostar de si mesmo é tido como contra-natura, pois é um atentado contra a própria essência que, no seu paroxismo, pode levar ao suicídio. A realidade, porém, é que o mundo não produz lá muita gente saudável e equilibrada, por isso, longe de ser contra-natura, a falta de auto-estima não só é muito natural como também universal. O que acontece é que uns escondem-na melhor do que outros. Só não há mais suicídios porque os fracos não têm tomates para acabar com a própria miséria.

De acordo com o senso comum, aumentar a auto-estima passa por gostar de si mesmo. É lógico. Mas não basta assumir que gosta de si mesmo simplesmente porque sim (se eu não gostar, quem gostará?) ou porque já se atura há anos e ainda não se suicidou ou porque passa muito tempo enfiado na casa-de-banho a massajar as partes pudibundas (tratamos aqui de auto-estima, e não de auto-indulgência). Seja imparcial e franco consigo mesmo. Pela minha parte, eu serei franco consigo ao dizer-lhe que só o facto de se ocupar com semelhante questão é prova suficiente de que o seu amor-próprio está mesmo na merda. Caso contrário, nem lhe interessaria o assunto.

Posto isto, como deve então proceder um homem para resgatar o seu amor-próprio da sarjeta em que está? Para já, esqueça essa treta de repetir juras de amor até à exaustão em frente ao espelho. Este tipo de comportamento, longe de lhe aumentar o amor-próprio, convence-o é de que não bate bem (da cabeça. A de cima!). É errado tentar persuadir-se pela força (ou pelo cansaço) a gostar de si mesmo. A estima, a admiração e o respeito fazem por se merecer. Portanto, proponho-lhe que pense nas pessoas que você mais admira, respeita e estima. Na sua família e amigos. Nos seus heróis, reais e/ou fictícios. Reflicta sobre as razões que o levam a admirar essas pessoas, ou seja, o conjunto de qualidades (físicas e psicológicas) e acções que as valorizam a seus olhos. Está a ver onde quero chegar? O caminho para aumentar o amor-próprio passa por cultivar em si mesmo as qualidades que mais aprecia nos outros. Dê-se motivos para sentir orgulho e respeito pela sua pessoa e pelas suas acções. Mais que apenas gostar de si, torne-se no objecto da sua veneração. Isto é, seja o seu próprio herói. Se tem que idolatrar alguém, faça por idolatrar a si mesmo. E, se tiver que decepcionar alguém, que seja todos excepto você mesmo. Mantenha-se sempre fiel a si próprio, aos seus ideais e princípios. Porque, nas palavras do Imperador romano Marco Aurélio (121 – 180), “aquele que vive em paz consigo próprio, vive em paz com o Universo.” Em conclusão, seja um narcisista. Mas não um narcisista vulgar. Seja um narcisista com motivos para isso.

E, com isto, já leva muito trabalhinho para casa. Afinal, trata-se de ganhar o respeito e admiração do crítico mais exigente do mundo: você próprio. Portanto, vá tratando disso que, no próximo mês, logo lhe revelo os restantes passos a tomar na árdua tarefa de construir o seu amor-próprio. Até lá!

1 Comentário(s):

A sábado, 24 março, 2007, Blogger Sandra Pereira comentou:

Eu ainda acrescentava um parêntesis a esta dissertação meu caro Jacaré, é que a FRAQUEZA em minha franca opinião só é digna aos FORTES visto só estes poderem atingir o extremo e só estes dele se poderem vangloriar.
Afinal que mal há em admitir que "estamos fracos"? A vida é assim cheia de altos e baixos e nada melhor do que descobrir a receita para a elevação...Pessoal!
Só assim se faz GENTE!

 

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